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sexta-feira, 16 de julho de 2010

"Eu sempre te amarei, onde estiver estarei, ó meu mengo"

Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer!

Mais de 35 milhões de pessoas cantam com orgulho nosso hino.
O Flamengo é uma nação, que nasceu dentro de outra.
E como toda nação, escreve a sua história, com grandezas e fragilidades, tem os seus heróis e seus vilões, mártires e traidores.
O Flamengo democratiza porque não distingue classes, irmana homens e mulheres, ricos e pobres, negros e brancos, doutores e iletrados. Ele sai às ruas, não se fecha em sedes, sobe os morros, cruza fronteiras, vence o tempo e as distâncias, a todos os seus filhos aproxima, no sentimento de uma só paixão.
Em 15 de novembro de 1895, quando foi fundando o Flamengo, algo mágico ocorreu, um destes inexplicáveis momentos que constroem a eternidade, que rompem a simples cronologia do tempo, e que são a centelha de energia que faz e que escreve a historia das nações.
Espraiou-se pelo país a mística rubro-negra, como uma epidemia às avessas, uma epidemia do bem, com a contaminação do orgulho de ser Flamengo.
Ser Flamengo é um determinismo biológico. Nós nascemos rubro-negros, crescemos rubro-negros e morremos rubro-negros.
Ele é sonho que se sonha nas arquibancadas e nos palácios, é remanso e corredeira, realidade e utopia, o ontem e o amanhã, porque para nós, rubro-negros, ele é tudo.
O Flamengo não se explica, nem se define. Apenas se sente, como são sentidas as paixões.
Ele não se oferece a nós, nós é que nos oferecemos a ele. Não nos cobra a vida, nós é que lhe doamos o corpo e a alma.
O lamentável episódio que envolve o goleiro Bruno atinge, como não poderia deixar de ser, o Flamengo, mas deve ser compreendido em suas reais e jurídicas dimensões.
Não se pode condenar o Brasil por que tivemos um Calabar, nem a Alemanha pelo que fez Hitler. Judas não tornou desprezível toda a raça humana.
Bruno, seja o que tenha feito, e apesar das glórias e títulos que nos ajudou a conquistar, não é o Flamengo, e não age em seu nome.
O Flamengo também é Zico, Júnior, Zizinho, Andrade e Rondinelli. É ainda César Cielo, Patrícia Amorim (natação), Oscar Shmidt, Marcelinho (basquete), Buck (remo), Diego e Daniele Hipólito (ginástica olímpica), e tantos outros que construíram sua grandeza, conquistando títulos nacionais e internacionais.
São milhões de torcedores, que comemoram com orgulho as vitórias e sofrem estoicamente as derrotas.
As inúmeras piadas, perversas e de mau gosto, que circulam pela internet, não atingem apenas o Flamengo, que está muito acima delas, mas desrespeitam muito mais a dor dos que amavam a vítima e amesquinham quem as cria ou as transmitem na censurável comemoração do macabro e da desgraça.
O Flamengo sofre e sangra com a vítima, não brinca com o crime, não absolve os culpados, mas não pode ser com eles condenado.

Bruno, ou quem quer que seja, jamais conseguirá matar o Flamengo!

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