Novo jornalismo

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Jornal

Começo meu blog postando um artigo que achei muito interessante, do culunista da revista FOCO, José Alberto Couto Maciel. O que ele diz no artigo é justamente o que penso sobre o futuro decadente dos jornais impressos. Com as novas midias no auge e cada vez mais in o jornal impresso está perdendo sua importância para o dia-a-dia dos leitores que querem estar cada vez mais atualizados, o que a midia impressa já não consegue a algum tempo. Foi-se seus tempos de glória. A nova geração é da internet. Os jovens buscam noticias nos jornais on-line e nas novas formas de comunicação como o twitter que está crescendo a cada dia.

JORNAL
José Alberto Couto Maciel

Abro o jornal pela manhã e leio uma nova falcatrua no Senado Federal. Isso vai demorar mais alguns dias, até que apareça um sucedâneo na Câmara dos Deputados, ou um escândalo descoberto pela Policia Federal com a consequente prisão de 20 ou 30 figurões que serão soltos, normalmente, no prazo de 24 a 48 horas, alguns deles pelo Supremo Tribunal Federal, o que amplia o noticiário nos próximos dias.
Na parte dos esportes leio o que já vi à noite. No domingo o jornal rapidamente chega no sábado, certamente que com notícias não muito frescas.
Assim, na atualidade, o jornal é um veículo através do qual a imprensa nos informa tudo sobre o que tivemos conhecimento ontem, pela televisão.
Realmente, o jornal teve sua fase áurea como o principal condutor das últimas, frescas, pois saía diariamente com notícias que, antes da era globalizada, poderíamos entender como atualíssimas.
Hoje, porém, o jornal repete uma série de informações, suja nossas mãos que costumam segurá-lo juntamente com o pão, no café da manhã, amassa se houver qualquer vento e você estiver lendo no jardim, e com aquele tamanho idiota, exige que sua leitura seja feita com ele dobrado.
No avião, como quase sempre as viagens são lotadas, você abre o jornal até a metade, expremido e com vergonha de enconstar no gordo que viaja ao seu lado.
Parece-me que, efetivamente, deve haver uma reforma imediata nos jornais porque, desde que me conheço, e já me conheço faz anos, nada mudou, nem mesmo as notícias de primeira página sobre as falcatruas no Senado.
É certo que o jornal serve para a gente se esconder quando está sentado e não quer cumprimentar alguém, mas, mesmo assim, fica difícil e ridículo o artifício, pois quase sempre a pessoa reconhece a tentativa, bate em você no braço e pergunta: quais são as novas?
Alguns pobres ainda se cobrem com jornais para dormir, o que, pelo menos, dá a ele um certo cunho social. Também são muito usados para ver se o cachorro aprende a "fazer xixi" em cima, o que nunca dá certo, pois basta colocar o jornal em determinado lugar que ele faz suas necessidades bem ao lado.
Existe, entretanto, uma função de alta relevância política do jornal, e a ele devemos muito pela manutenção de nossa democracia. É que, todas as vezes que o noticiário ataca um político de expressão e demonstra um pouco de suas vísceras, a Justiça determina seu fechamento, ou a proibição de publicar tais fatos.
Em decorrência, há um recurso e o Tribunal, imediatamente, em nome da democracia, afirma que a imprensa é livre e libera as publicações.
Em consequência dessas proibições, são entrevistados três ou quatro juristas que dizem sobre a diferença da ditadura e do regime que vivemos, cronistas alardeiam o retorno da linha dura e pedem a prisão do juiz suspeito e, como num passe de mágica, a liberdade volta e respiramos novamente os ares de um país desenvolvido politicamente.
Há, porém, exceções. Existem jornais que trazem informações muito atuais e crônicas das melhores. Infelizmente não tenho no nome deles para indicar aos leitores.


(publicado na revista FOCO, ed. nº. 167/ 2009)

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